Multiplicadores internos: guia prático para formar facilitadores de aprendizagem

Na sua empresa o conhecimento é compartilhado ou fica apenas na cabeça das pessoas? Cada vez mais, as organizações têm sentido a necessidade de ampliar o acesso às informações e continuamente capacitar seus colaboradores. E a forma mais fácil, simples e rápida de fazer isso é contando com multiplicadores internos que usem sua expertise para potencializar o desempenho dos colegas. Vamos entender como isso funciona?

O que são multiplicadores internos?

Multiplicadores internos são os colaboradores que ajudam a fazer a gestão do conhecimento na organização. Além de compartilhar aquilo que sabem, eles podem atuar como uma espécie de mentor dos colegas, viabilizando e acelerando o treinamento e desenvolvimento das pessoas.

Para ser um multiplicador interno não é preciso ter doutorado em um assunto. Tanto os líderes como os demais colaboradores (assistentes, analistas, supervisores etc.) podem atuar como facilitadores da aprendizagem. O objetivo é que esse profissional traduza os tecnicismos e leve sua experiência para o treinamento.

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O fato de o facilitador já conhecer os valores, a cultura e os processos da empresa é, inclusive, uma das grandes sacadas de colocá-lo nessa posição de disseminador do conhecimento, atuando no treinamento e desenvolvimento das pessoas, pois torna tudo muito mais real, aproxima muito da experiência que as pessoas vão vivenciar no seu dia a dia.

Diferentemente de um consultor externo, por exemplo, os multiplicadores internos são reconhecidos por seus pares, reduzindo a resistência dos colegas em aprender.

Desenvolver um programa de multiplicadores internos também significa democratizar e compartilhar o conhecimento e pode ser uma alternativa complementar aos treinamentos tradicionais.

O conhecimento forma aquilo que chamamos de capital intelectual de uma empresa. Trata-se de um ingrediente fundamental para aumentar a capacidade de resposta às mudanças e gerar ideias inovadoras, aumentando a competitividade do negócio.

a imagem mostra os benefícios de ter multiplicadores internos nas organizações

5 benefícios de ter multiplicadores internos

1. Qualificação de colaboradores

Os multiplicadores internos ajudam a organização a prover o treinamento necessário para que as pessoas realizem o trabalho da melhor forma possível e pensem em soluções fora da caixa. Nesse sentido, pode-se esperar uma maior qualificação dos colaboradores, mais fluidez nos processos e inovações para o negócio.

Outro ponto é que os demais colaboradores podem se apropriar da experiência compartilhada pelo multiplicador, além de evitar repetir os mesmos erros cometidos por seus instrutores no passado.

2. Redução de custos

É comum que as empresas terceirizem os treinamentos de seus colaboradores, afinal, o departamento de recursos humanos também precisa dar conta de outras atividades. No entanto, sabemos que bons treinamentos são caros, pois exigem todo um estudo sobre a organização e preparação de material, além do tempo dispendido pelo professor, é claro.

Nesse sentido, formar multiplicadores internos é tanto uma forma de valorizar bons profissionais como uma maneira de reduzir os custos com treinamentos. Outra opção seria patrocinar cursos, palestras e congressos para alguns colaboradores-chave, que ficariam responsáveis por disseminar o conteúdo aprendido para os demais.

3. Cultura de colaboração

Fortalecer grupos de multiplicadores internos apoia a criação de uma cultura de colaboração e cooperação. Significa “quebrar o gelo” e incentivar os colaboradores a reconhecer suas limitações e ficar mais à vontade para pedir ajuda quando necessário.

Afinal, ninguém sabe tudo sobre tudo e sempre é possível aprender algo com o colega que está ao seu lado. Incentivar a interação e o fortalecimento de laços também é uma forma de tirar a sobrecarga dos líderes, além de melhorar a comunicação e o clima da empresa.

4. Engajamento dos colaboradores

O conhecimento é capaz de empoderar as pessoas, gerando o engajamento necessário no dia a dia. Uma vez engajados e motivados, os colaboradores tendem a responder de forma mais positiva às demandas da organização, impulsionando a criatividade para gerar produtos e serviços melhores, além de potencializar a inteligência competitiva.

5. Segurança para a empresa

Quando o conhecimento necessário à execução dos processos está na cabeça de uma única pessoa, a empresa fica dependente de um colaborador, sem falar que o próprio colaborador pode ficar preso em uma posição por centralizar um conhecimento. No caso de uma eventual saída ou promoção desse profissional, as chances de informações valiosas se perderem são muito maiores. Da mesma forma, o colaborador pode se sentir pressionado quando somente ele é capaz de executar uma tarefa. Ao descentralizar o conhecimento, evitamos essa dependência.

Vamos aprender a montar um time de multiplicadores na prática?

Como formar multiplicadores internos: um guia prático

1. Identifique colaboradores com potencial

Para ser um bom multiplicador interno, um colaborador precisa ter vontade de compartilhar conhecimento. Nada de querer “obrigar” os colaboradores a serem multiplicadores: além de gerar frustração, vai acabar comprometendo o treinamento das demais pessoas.

Também é desejável (mas não obrigatório) que ele tenha uma boa desenvoltura ao falar em público. Além disso, é preciso que o colaborador tenha algo para acrescentar e realmente domine o tema sobre o qual está se propondo a ensinar para os colegas.

2. Oriente os multiplicadores internos

Auxilie os multiplicadores a se desenvolverem como treinadores e mentores. É interessante que todos eles passem por um “setup” para ter um panorama de como funciona um treinamento, entendam quais as principais teorias de aprendizagem, como ser didático, como se expressar oralmente, formatos de interação com os aprendizes etc.

3. Planeje os treinamentos

Todo treinamento precisa passar por um planejamento mínimo antes de ser realizado. Isso não necessariamente significa gastar horas pensando em como estruturá-lo, mas se questionar a respeito da importância de dedicar tempo e dinheiro a uma capacitação. É preciso se perguntar:

  • Qual o objetivo do treinamento?
  • O que será ensinado? Por quem?
  • Quais colaboradores serão treinados?
  • Quais os pré-requisitos para participar do treinamento? Qual será a duração do treinamento?
  • O treinamento será EAD, presencial ou misto?
  • Quais resultados a empresa espera atingir ao fim do treinamento?
  • Como os resultados serão mensurados?

Para facilitar a vida, você pode usar o nosso canvas de planejamento de treinamento para validar as ideias de capacitações. Essa medida simples evitará treinamentos sem objetivos claramente definidos e poupará o tempo de todo mundo.

Planejamento de treinamento canvas

4. Invista em métodos de treinamento inovadores

Nem só de conteúdo é feito um treinamento, o formato também importa muito. Com o crescente uso de tecnologias aplicadas à educação, agora é possível apostar em estratégias como gamificação, flipped learning e microlearning, que têm como foco o engajamento das pessoas.

A gamificação consiste em transpor elementos dos jogos para o cotidiano dos colaboradores. Isso pode incluir definir objetivos e missões, recompensar as conquistas através de pontuação, montar um ranking com os vencedores, além de propor desafios que demandem que o colaborador procure um multiplicador interno para lhe auxiliar.

O microlearning, por sua vez, é uma abordagem que busca sintetizar o conhecimento em pequenas cápsulas, quase como se fossem “doses homeopáticas”. A ideia é montar sessões de aprendizagem mais curtas, com uma linguagem simples e conteúdos independentes entre si, mas que juntos se complementam. Essas sessões podem se traduzir em pequenas videoaulas, por exemplo. No vídeo abaixo, comentamos um pouco mais sobre esse aspecto:

5. Mensure os resultados (e dê feedback)

Um dos momentos cruciais na formação de multiplicadores internos é auxiliá-los a identificar seus erros e acertos. Da mesma forma que esses mentores apoiam o desenvolvimento de seus colegas, eles também precisam ser conduzidos ao alto desempenho. Por isso, sugestões de melhorias são sempre bem-vindas.

Donald Kirkpatrick propõe um modelo de avaliação de treinamentos em quatro níveis: formação, aprendizagem, comportamento e resultados. Ao dar feedback para seus multiplicadores internos, é interessante considerar todos esses aspectos.

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Ajude-os a entender se os colaboradores gostam dos treinamentos, conseguem capturar o conteúdo facilmente e aplicam na prática o conhecimento adquirido. Além disso, tente identificar junto com os multiplicadores internos se os treinamentos estão trazendo resultados para o negócio.

Afinal, é para isso que desenvolvemos as pessoas, para que possam ter um melhor resultado em seu trabalho, impactando na satisfação dos clientes, nos resultados da empresa e também na qualidade de vida do colaborador.

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