Brain rot: o que é e como ele impacta treinamentos corporativos?

Tecnologias e Ensino
20/02/2025
Por Milena

Você já ouviu falar sobre o termo brain rot, traduzido para “podridão cerebral” em português? Essa expressão foi escolhida como o termo do ano de 2024 pelo Dicionário Oxford após uma votação com mais de 37 mil pessoas.

A palavra pode ser interpretada de diversas maneiras. Em um contexto não médico, brain rot é uma maneira informal de falar sobre como a falta de atividades estimulantes ou desafiadoras pode fazer com que a pessoa sinta que está perdendo a capacidade de pensar rápido ou de forma crítica.

Em outras palavras, se não exercitarmos nosso cérebro com desafios, podemos sentir que nossa habilidade mental ou intelectual está diminuindo.

Declínio pelo uso excessivo de redes sociais

Várias mãos segurando smartphones sobre uma mesa de madeira. A imagem retrata a interação social moderna com a tecnologia móvel.

Apesar de ter sido usado pela primeira vez em 1854 por Henry David Thoreau, no livro “Walden”, o termo brain rot ganhou relevância nos últimos anos devido ao fenômeno que é possível perceber na sociedade… Sabe quando você resolve abrir a rede social só para “dar uma olhadinha” e, quando percebe, passou mais de horas ali navegando?

Ou quando você recebe uma notificação no celular, para tudo o que está fazendo para ver e, sem perceber, entra em uma espiral, navegando em redes sociais e assistindo vídeos aleatórios?

Essa atitude aparentemente simples tem relação com o “apodrecimento do cérebro” e bastante gente está preocupada com isso (e com razão).

O fato é que o cérebro das pessoas não esta literalmente “apodrecendo” com o uso excessivo das redes sociais, é apenas uma metáfora poderosa.

Mas o fenômeno acontece porque seu cérebro foi programado para economizar energia. E é aí que entra a dopamina! Ela é um neurotransmissor que atua de diferentes formas no sistema nervoso e está relacionada com o humor e o prazer.

E esse neurotransmissor é ativado quando você curte uma foto, assiste a um vídeo ou interage nas redes sociais – é um prazer gerado sem muito esforço (e esse é justamente o grande objetivo das redes sociais para fazer com que você gaste horas e mais horas com essas interações.

Só que temos um problema com essa situação. Essas pequenas doses de prazer imediato, curtindo vídeos curtos por exemplo, faz com que o cérebro fique mal acostumado.

Isso porque o cérebro acaba perdendo o treino mental e se acostuma com coisas fáceis. Com isso, ele começa a se bater para compreender conteúdos mais densos e os estudos ficam mais difíceis, não por negligência, mas por falta de treino mental.

As pessoas estão consumindo conteúdos superficiais e pouco desafiadores, principalmente os de redes sociais, e isso afeta a paciência, o foco e a capacidade de aprender coisas novas.

E como o brain rot impacta os treinamentos corporativos?

O conceito de brain rot quando aplicado a contextos empresariais e de treinamento geralmente se refere a uma estagnação ou declínio na agilidade mental dos funcionários.

Na maioria das vezes, isso é causado por tarefas repetitivas, falta de desafios ou um ambiente de trabalho que não estimula o crescimento intelectual. Essa condição pode ter vários impactos nos treinamentos empresariais, como:

  • Redução da eficácia do treinamento: colaboradores que experimentam brain rot podem ter dificuldades em absorver novas informações ou habilidades porque não estão acostumados a desafios cognitivos ou a pensar de forma crítica e criativa;
  • Desmotivação para participar: se os funcionários sentem que seu trabalho diário é monótono e não estimulante, eles podem se tornar apáticos ou desinteressados em participar de treinamentos. Eles podem ver o treinamento como outra tarefa rotineira em vez de uma oportunidade para crescimento e desenvolvimento pessoal;
  • Dificuldade em adaptação à mudança: funcionários que estão acostumados a uma rotina de trabalho estática podem ter dificuldades em adaptar-se a mudanças ou inovações apresentadas durante os treinamentos. O brain rot pode criar resistência à mudança, pois os funcionários podem preferir permanecer em suas zonas de conforto;
  • Declínio na inovação e criatividade: um dos sinais de “podridão cerebral” é a falta de criatividade e inovação. Em treinamentos que requerem pensamento criativo ou resolução de problemas complexos, funcionários afetados podem não conseguir contribuir efetivamente ou gerar novas ideias;
  • Aumento na necessidade de treinamento repetitivo: quando os colaboradores estão desacostumados a exercitar suas capacidades cognitivas, eles podem precisar de mais repetições e revisões durante o treinamento para assimilar completamente o material, aumentando o custo e o tempo necessários para o treinamento eficaz.

Dá para contornar essa situação?

Pessoa participando de videoconferência em dois monitores, um apresentando uma aula e outro com vários participantes, ambiente de trabalho moderno.

O desafio do brain rot é grande porque estamos falando de um comportamento pessoal de excesso de consumo de conteúdo em redes sociais.

Mas a boa notícia é que: sim, as empresas podem atuar de maneira preventiva com os colaboradores para evitar que eles entrem nesse ciclo e que seu desempenho em treinamentos seja comprometido. Olha só como!

1. Garanta desenvolvimento contínuo

Manter os funcionários aprendendo continuamente através de treinamentos ajuda a promover seu crescimento pessoal e profissional.

Aqui na Twygo, a gente costuma falar que a educação tem o poder de transformar a vida das pessoas, pois elas se desenvolvem e passam a ter oportunidades de crescer na carreira, ganhar mais e alçar novos voos!

O lifelong learning evita a estagnação intelectual e mantém o cérebro das pessoas afiados.

banner para baixar a planilha de controle de treinamentos

2. Elabore treinamentos que gerem estímulos intelectuais

Treinamentos regulares e desafiadores podem proporcionar estímulos intelectuais necessários para manter as mentes dos funcionários engajadas e ativas.

Planeje treinamentos que possam ser mensurados e não se limite a avaliar se ocorreu transferência de conhecimento apenas por meio de provas após os treinamentos.

Você pode combinar com os colaboradores a entrega de cases práticos, por exemplo, nos quais a pessoa só recebe o certificado se ela colocar em prática os conhecimentos aprendidos.

3. Alinhe inovação e criatividade

A exposição a novos conhecimentos e habilidades pode inspirar inovação e criatividade – tanto de quem irá planejar o conteúdo quanto das pessoas que vão consumir.

Programas de treinamento bem projetados incentivam os funcionários a pensar fora da caixa, o que pode prevenir a sensação de brain rot.

Implementar programas de treinamento que desafiem os funcionários a pensar de maneira crítica e resolver problemas complexos pode ajudar a revitalizar suas habilidades mentais.

Imagem mostrando um checklist para planejamento de T&D em um laptop, destacando a importância de seguir etapas estratégicas para eficácia.

4. Entenda os treinamentos como benefício à saúde mental

Além dos benefícios cognitivos, os treinamentos podem também ter um impacto positivo no bem-estar mental dos funcionários ao reduzir sentimentos de inadequação ou frustração profissional.

Aprender novas habilidades pode aumentar a confiança e a satisfação no trabalho.

5. Microlearning

Uma metodologia de treinamento que existe há anos pode ser uma maneira de superar gerações muito afetadas pelo brain rot: estamos falando do microlearning!

Microlearning vem do inglês micro aprendizagem e é uma abordagem de ensino que transmite pequenas doses de conhecimento em um curto espaço de tempo.

O objetivo do Microlearning é construir um conteúdo complexo através de pequenas partes, em forma de sessões de aprendizagem.

6. Teste diferentes métodos de treinamento

Aprendizado baseado em jogos, simulações, treinamentos online, treinamentos interativos e aprendizado baseado em projetos são apenas alguns dos exemplos de métodos de treinamento que você pode implementar.

Variar nesse sentido pode ajudar a manter os funcionários engajados e estimulados.

Aula gravada sobre como funciona o aprendizado de adultos

Nos últimos anos, a neurociência tem ganhado destaque no mundo do treinamento e desenvolvimento (T&D), especialmente no que se refere à maneira como os adultos aprendem.

Entender o funcionamento do cérebro humano nos permite adaptar técnicas de ensino que são mais eficazes e que realmente impactam a retenção do conhecimento.

Se você quer entender mais sobre como o cérebro adulto aprende e quais são as melhores técnicas baseadas em neurociência para melhorar o T&D na sua empresa, temos um convite!

Assista à aula gravada Neurociência no T&D: Técnicas e atalhos para ensinar adultos, que a Twygo fez em parceria com Michele Keller, especialista em T&D.

É só clicar na imagem abaixo:

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