Como transformar treinamentos com storytelling: a jornada do herói no centro da aprendizagem
Veja como usar a jornada do herói para criar treinamentos envolventes, com dinâmicas simples e práticas. Aprenda a transformar alunos em protagonistas e aplicar estratégias que aumentam o engajamento e a retenção.
Você já preparou um treinamento com todo carinho, trouxe conteúdo relevante, caprichou nos slides, mas, quando chega a hora, as câmeras estão desligadas, ninguém responde às perguntas e você sente que está falando com as paredes? Eu já. Muitas vezes.
Foi passando por isso (e quebrando a cara algumas vezes) que percebi uma coisa: não basta saber muito sobre o tema. Se o treinamento não prende atenção, conecta com o dia a dia e gera emoção, ele não vai funcionar.
Mas tem um segredo para mudar isso, e ele não está em fórmulas mágicas. Está nas histórias.
Neste texto, vou te mostrar como usar a jornada do herói para transformar seus treinamentos em experiências que engajam, fazem sentido e deixam um gostinho de “quero aplicar agora”. Tudo com dinâmicas simples, criativas e práticas.
Quando o medo da sala vazia me encontrou
Minha formação original não foi em RH, e sim em engenharia. Trabalhei muitos anos na indústria, especialmente com melhoria contínua. Mesmo nos meus primeiros empregos e estágios, já facilitava treinamentos — integração, processos, temas técnicos… Mas sem saber nada sobre aprendizagem.
Lembro que eu morria de medo de perguntar algo e ouvir o silêncio como resposta. Por isso, fazia a pergunta… E eu mesma respondia! Resultado? Virava um monólogo. Até que um dia, um chefe me ensinou algo simples que mudou tudo: a regra dos 5 segundos.
Quando você fizer uma pergunta, conte mentalmente até 5 antes de seguir. Esse é o tempo para o outro ouvir, pensar, criar coragem e levantar a mão.
Simples assim. Essa pausa deu espaço para as pessoas participarem e meus treinamentos ficaram mais leves, com mais troca e muito mais interessantes — tanto para mim quanto para quem estava ali aprendendo.
E foi assim que eu me apaixonei por esse universo. Me especializei em T&D, fiz pós, certificações em 6Ds, design instrucional, design de experiências… E hoje, tenho minha própria empresa focada em ajudar facilitadores, instrutores e líderes a construírem apresentações e treinamentos incríveis.
O grande desafio de todo facilitador
Mesmo quando a gente domina o conteúdo e sabe que aquilo faz diferença na prática, ainda temos um desafio enorme: como transformar isso em uma experiência interessante e memorável?
Como prender a atenção? Como tornar o conteúdo aplicável, participativo, divertido?
É sobre isso que quero falar com você hoje. E já começo com um desafio:
Imagina que você tem R$ 5 para montar o treinamento ideal. Como você gastaria?
- Prender atenção? R$ 3;
- Gerar participação? R$ 2;
- Resultado prático? R$ 2;
- Facilidade de aplicação? R$ 1;
- Alguém te reconhecer por isso? R$ 1.
Difícil, né? Sempre falta algo. E é exatamente assim no mundo real. A gente sempre tem mais ideias e demandas do que tempo, dinheiro ou equipe. Por isso, meu objetivo aqui é compartilhar coisas simples, sem custo, rápidas de aplicar e que geram impacto real.
O segredo que aprendi com a Disney (e que você também pode usar)
A palestrado do Alê Prates no T&D Connect trouxe um dado que me chocou: a média de engajamento em universidades corporativas gira em torno de 13%. Criamos tanto conteúdo, tanto esforço e as pessoas nem assistem.
Mas essas mesmas pessoas assistem 6 episódios seguidos de uma série. Por quê? Porque boas histórias nos prendem.
E é aí que entra a jornada do herói. A estrutura narrativa mais clássica (e eficaz) de todos os tempos.
A maioria dos filmes, séries, livros inesquecíveis seguem esse padrão. São 12 etapas que levam o protagonista do mundo comum até a transformação final. E sabe o que eu pensei? Por que não aplicar isso dentro do treinamento?
Mas em vez de só contar histórias… que tal transformar o próprio aluno em herói da jornada?
O que Rei Leão tem a ver com o seu treinamento?
Talvez você nunca tenha pensado nisso, mas o Rei Leão é um ótimo exemplo da jornada do herói — uma estrutura clássica usada em filmes, séries e livros que pode (e deve!) ser trazida para dentro do seu treinamento.
Essa jornada é composta por 12 etapas, e quando usamos essa lógica, conseguimos criar uma experiência de aprendizagem mais envolvente, com começo, meio e fim — e, claro, com transformação.
Veja como ela funciona na prática:
- Mundo comum: Simba vive sua rotina feliz na savana.
- Chamado para a aventura: a morte de Mufasa muda tudo.
- Recusa ao chamado: Simba foge, com medo e culpa.
- Encontro com o mentor: Rafiki e Nala o relembram de quem ele é.
- Travessia do primeiro limiar: Simba decide voltar para enfrentar o passado.
- Ventre da baleia: reencontra memórias e assume que precisa agir.
- Aproximação da caverna oculta: vê o caos instaurado pelo tio Scar.
- Provação suprema: enfrenta Scar numa batalha decisiva.
- Recompensa: retoma seu lugar de direito como rei.
- Caminho de volta: retorna ao reino como líder.
- Ressurreição: amadurece e se torna um novo leão.
- Retorno com o elixir: restaura o equilíbrio do reino.
E por que isso importa para você?
Porque se essa estrutura prende a atenção em filmes e séries, imagine o poder que ela tem dentro de um treinamento. E não precisa contar histórias de leões: o seu aluno pode ser o protagonista da própria jornada.
A jornada do aluno-herói
Dividi a jornada em 3 grandes atos para facilitar:
ATO 1 – O PORTAL
Aqui, temos o início da jornada. É quando tiramos o aluno do “modo automático” e o trazemos para dentro do treinamento.
Todo mundo chega carregando coisas: um e-mail que acabou de responder, uma reunião puxada, preocupações do dia. Nosso papel é romper com esse mundo comum e fazer o aluno mergulhar na aventura de aprender.
Duas dinâmicas que eu adoro:
- Apresentação estratégica: peça para cada um responder a uma pergunta que os conecte com o tema. Ex: “O que você gostaria de fazer, mas não consegue por falta de tempo?”
- Menu de memes: liste memes e peça para cada pessoa escolher o que representa melhor a dor que ela tem em relação ao tema. Além de divertido, te ajuda a entender onde precisa dar mais foco.
ATO 2 – O CAMINHO
Aqui o aluno começa a enfrentar os desafios. Ele pensa, reflete, discute, conecta o conteúdo com a prática.
Duas dinâmicas que funcionam super bem:
- Porque sim, não é resposta: mostre duas situações e pergunte: “Qual é melhor? E por quê?” Estimule argumentação, pensamento crítico e troca.
- Cases com dilemas: histórias simples com pegadinhas conceituais. O objetivo é gerar debate e análise, sem resposta óbvia.
Use a IA para criar essas dinâmicas! Com bons prompts, você monta um case ou um desafio em minutos.
ATO 3 – O RETORNO
É hora de consolidar o aprendizado e preparar o aluno para voltar ao seu dia a dia transformado.
Duas ideias para fechar com chave de ouro:
- Show do milhão: use perguntas com múltiplas alternativas para revisar de forma divertida.
- Quem é o impostor?: verdadeiro ou falso com uma afirmação errada escondida no meio. Os alunos precisam descobrir o impostor!
E claro: nunca termine dizendo “era isso”. Finalize com impacto. Proponha uma manchete de jornal para que cada um resuma o aprendizado. É simples, criativo e muito eficaz.
Mas Karol, quantas dinâmicas eu coloco?
A cada quanto tempo você deve colocar uma interação? Eu gosto de seguir a lógica dos TED Talks: no máximo a cada 18 minutos, inclua algo interativo. Nem tudo precisa ser complexo: pode ser uma simples pergunta no chat ou uma escala de memes.
O importante é não deixar o aluno só assistindo. Faça ele viver o conteúdo, sentir que está em uma jornada. Com altos e baixos, momentos de ação e reflexão, como em todo bom filme.
Se você quiser se aprofundar no assunto, receber o PPT da apresentação e ainda encontrar um conteúdo exclusivo sobre dinâmicas, assista ao T&D Connect 2025: performance em treinamentos.
Basta clicar na imagem abaixo, preencher o cadastro para receber o link da gravação.
Teste a Twygo agora mesmo
Publique um ambiente de aprendizagem com a cara da sua marca ainda hoje